Roda de Conversa

9h Roda de ConversaVila Germânicadia 30 | domingo

Roda de Conversa ► Memórias culturais do povo: músicas folclóricas

Grupo convidado ► Arreda Boi | Florianópolis | SC

Palestrantes
Carina Scheibe
► Arte Educadora e pesquisadora das Cultura Populares.
Reonaldo Manoel Gonçalves (Naldo Gonçalves) ► Mestre e Doutor em Educação pela UFSC.

Foto: Joaquim Corrêa

A Associação Cultural Arreda Boi existe desde 18 de julho de 1992 na comunidade da Barra da Lagoa, Florianópolis, trabalhando com as culturas populares locais, em especial com a brincadeira do Boi de Mamão e as Danças Populares da Ilha de Santa Catarina.

A entidade atua no sentido de dar visibilidade às culturas populares, no que tange o seu reconhecimento, a sua valorização e o seu pertencimento à arte e à educação popular.

Desde sua fundação o Arreda Boi vem se apresentando nas festas populares e eventos comemorativos da cidade de Florianópolis, no Estado de Santa Catarina e em diferentes Estados do Brasil. Tem como Mestres os cantadores Mané Agostinho e seu Zé Benta, figuras lendárias da Barra da Lagoa, que já nos deixaram, assim como a Mestra Ivone e Mestre Bebê, que ainda hoje atuam no grupo.

Ratoeira

Foto: Joaquim Corrêa

Dança de roda, de mãos dadas, onde uma pessoa entra no meio da roda e canta uma cantiga, que pode ser tanto improvisada quanto retirada do repertório de versos já existentes, seguido sempre também de um refrão. Os versos cantados e/ou improvisados podem ser endereçados a alguma pessoa presente; pode contar uma história vivida ou ainda um desejo pessoal ou coletivo. Depois de cantado o verso, o mesmo é seguido por um refrão entoado pelos demais participantes. “Ratoeira não me prenda que eu já tenho quem me solte. Eu já tenho arrebentado outras correntes mais fortes” (Cantiga) “Meu cravo encarnado meu buquê de flor, nasceste no mundo pra ser meu amor. Nasceste no mundo pra ser meu amor, meu cravo encarnado meu buquê de flor.”  (Refrão)

Ratoeira de Ferro

A Ratoeira de Ferro é realizada na formação em roda, entretanto, no momento do refrão da música a roda é desfeita e os dançarinos/brincantes cantam, batem palma e realizam um passo em que arrastam e unem os pés de forma sincopada com o ritmo das palmas. O refrão da ratoeira de ferro é diferente na sua melodia, ritmo e andamento! Esta dança foi ensinada pelo grupo Primavera nos anos 90, pois apesar de alguns pesquisadores terem recuperado sua música, os movimentos da dança da Ratoeira de Ferro tinham se perdido.

Caranguejo (da Armação)

Foto: Joaquim Corrêa

O Caranguejo da Armação é uma variação desta dança e brincadeira tão antiga que existe no Brasil afora. Dizem que a origem está ligada à dança do Minueto do Arquipélago dos Açores/Portugal. Enquanto artistas, nos permitimos brincar e reinventar essa dança inspirados em diferentes variações dessa brincadeira de caranguejos que tem por todo Brasil, tendo como referência o Caranguejo da Armação dançado em outros tempos pelo grupo Primavera e ainda uma outra cantiga de Caranguejo que aprendemos durante a pesquisa com Mestra Ivone.

Cana Verde

Foto: Joaquim Corrêa

No Brasil, em suas diversas regiões, a Cana Verde se apresenta enquanto cantiga de trabalho e tem muitas variações de ritmo e de dança. Em algumas paragens ela é dança de fandango; mais ao norte e nordeste ela também se faz presente de forma mais independente, com referência em ritmos e cantares de raízes africanas e em conversa com outros ritmos e dançares. Aqui no litoral catarinense encontramos também a Cana Verde com seus versos e cantos que remetem ao trabalho nos canaviais. O grupo Primavera recriou essa Cana Verde na década de 90, junto com o dançador e pesquisador Nado Gonçalves, a partir de narrativas de moradores da Ilha de Santa Catarina.

Dança da Renda

A Dança da Renda foi obra de criação do Grupo Primavera, no ano de 1993. O Nado Gonçalves conta que estava um dia observando sua avó Cecília Vieira (mãe de Mestra Ivone) fazendo renda e perguntou a si mesmo: como será esta dança de mãos nos bilros utilizando o corpo? Na época da criação desta dança, a maioria das integrantes mulheres do Primavera eram rendeiras de mão cheia e opinaram sobre a melhor forma de executar os movimentos do corpo sendo bilro. A música/cantiga foi composta a partir das memórias do repertório musical de Mestra Ivone Gonçalves. Recheamos a cantiga com versos compostos pela família Gonçalves e integrantes do Arreda Boi. A base principal são as cantigas de autoria de nosso também mestre popular, Sr. Manoel Gonçalves (Seu Bebê), marido de Dona Ivone, pescador de profissão. Composições que falam dessa saudade do pescador enquanto estava embarcado, em reencontrar seu amor, que muitas vezes estava a rendar (além de cuidar dos filhos, da casa, da comida, das roupas, do trabalho na roça…).

Puxada de Rede/ Chamarrita/ Balanço da Canoa/ Dança da Tainha

A Chamarrita ou Chimarrita, é também um ritmo bem popular em muitas regiões do Brasil. A Puxada de Rede tem como referência, cantigas da Chamarrita, mas é também uma livre composição do Grupo Primavera (década de 90) que criou um espetáculo com elementos cênicos, inspirado no cerco do peixe Tainha, no balanço do mar e na puxada de rede. Tem como abertura uma marchinha antiga de carnaval, “Não faz Marola”, de Antônio Almeida e José Batista, que os integrantes do grupo Primavera cantavam nos festejos de momo. As cantigas que seguem na melodia e letra do refrão: “Ah no Balanço da canoa”, foram compostas pelo grupo Primavera ainda nos anos 90.

+ informações sobre o grupo

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