INCLUSÃO NO PALCO DO 15º FESTFOLK

Apresentação Grupo Guararás – Belo Horizonte/MG no 15º Festfolk

Maria Cecília Mourão Impellizzeri, a Cissa, como é chamada por todos, dança no palco do Festival Nacional de Danças Folclóricas de Blumenau/SC. A coreografia e o figurino são alusões ao Boi da Amazônia, lenda que deu origem aos tradicionais festejos de Parintins/AM. Cissa se apresenta com o Grupo de Pesquisas e Projeções Folclóricas Guararás, de Belo Horizonte/MG, ao som da música Pesadelo dos Navegantes, de Arlindo Jr. Ela acompanha com precisão os movimentos da dança e surpreende ao revelar que é uma pessoa com deficiência visual.

Aos 39 anos de idade, graduada em Educação Física, Pedagogia e especialista em Dança e Consciência Corporal, a integrante do Grupo Guararás atua como docente no Centro Universitário de Belo Horizonte – Unibh, e coordena o grupo Unibhfit. Cissa é uma pessoa com deficiência visual (PCD) desde o nascimento, devido a uma má formação congênita que ocasionou um coloboma de íris, retina e nervo óptico nos dois olhos.

Cissa Impellizzeri começou no
Grupo Guararás em 2009

A trajetória de Cissa no Guararás começou em 2009, quando ainda era aluna de graduação em Educação Física, e a colocou como protagonista de uma história de inclusão. Segundo o coordenador do grupo de dança, o professor Dr. Carlos Moreira, “Toda sua adaptação foi feita a partir de diálogo bastante aberto em relação às características da sua deficiência. Desta forma, foi possível compreender melhor quais seriam suas necessidades, para que o processo de inclusão acontecesse da forma mais efetiva e acolhedora possível.” Ainda segundo Moreira, naquela época, estudos relacionados à inclusão de pessoas com deficiência no âmbito universitário ainda eram muito recentes, e mais ainda em relação à inclusão de pessoas com deficiência em grupos de dança. Como estratégia para a adaptação da integrante às coreografias são explicados com detalhes cada movimento, é feito um trabalho de percepção em relação ao espaço, e os integrantes a mantêm sempre por perto. Mas, um aspecto foi e é fundamental para sua inclusão no grupo: o acolhimento de toda equipe de dançarinos, coreógrafos e do coordenador.

Inclusão é realizada com exercícios de percepção de espaço e descrição minuciosa dos movimentos

A história de Cissa demarca a diferença entre integração e inclusão, conceitos muitas vezes não compreendidos pela sociedade. De forma objetiva, a integração sugere que a pessoa com deficiência se adapte ao ambiente que frequenta e em que atua, ao contrário da inclusão, quando os atores envolvidos trabalham a adaptação dos elementos, de forma que todos, mesmo PCDs, possam participar das rotinas. Devido a essa prática do Grupo Guararás, também pessoas diagnosticadas com autismo são facilmente incluídas nas danças e atividades de pesquisa.

A bailarina corrobora o resultado ao declarar: “Por aqui a inclusão acontece da forma mais real que já vivenciei no contexto da dança. Cada experiência vivida nesses 13 anos me faz acreditar cada vez mais em mim como bailarina. No Grupo Guararás me sinto verdadeiramente incluída, sou valorizada e incluída com equidade, aspecto tão discutido e defendido nas pesquisas relacionadas à inclusão.”

Professor Dr. Carlos Moreira | coordenador Grupo Guararás

Carlos Moreira acumula mais de 30 anos de experiência como educador, atuando em temas como danças, história, folclore, ginástica, lutas, educação, psicologia e corporeidade. É graduado em Educação Física (UFMG, 1999), mestre em Ciência da Motricidade Humana (Universidade Castelo Branco, 2004) e doutor em Ciencias Pedagogicas y Ciencias de la Educación (Universidad de Matanzas, 2014). Como coordenador do Grupo Guararás, que pesquisa o folclore de todas as regiões do Brasil, Carlos reforça a importância da realização de um festival nacional como o Festfolk: “Para o público, aparece apenas o que está no palco, mas os saberes produzidos até chegar àquela apresentação são imensos. A história da Cissa inspira outros grupos, prova que é possível incluir, destrói argumentos dos que se opõem ao conceito e nos brinda novos aprendizados. Promover um país inclusivo envolve toda sociedade. A inclusão é um direito garantido por lei no Brasil (Lei Brasileira de Inclusão – LBI, 2016) e cabe a nós, educadores, mostrar que é possível.”

4 Responses

  1. Maria nancy C Costa disse:

    Cissa vc é exemplo , aravilhosa !@

  2. LENORA DE CAMPOS disse:

    Cissa é uma guerreira e otima dançando e ensinando a dançar.
    Parabéns Cissa e Carlos.

  3. VANDA LUCIA RODRIGUES LIMA disse:

    Parabéns Cissa, você é verdadeiramente um show, guerreira em tudo que se propõe a fazer, sucesso sempre lindona…

  4. Graziella Aguiar dos Santos Reis disse:

    Cissa que matéria excelente, amiga sucesso sempre. Carlos um professor excelente e de um conhecimento extraordinário.